Projeto Transconcreto SP: a arte invade a cidade.

Os croquis abaixo são os lay-outs originais da 2a edição do Projeto Manifesto de Arte Tranconcreta de Odilon Cavalcanti e que , hoje, fazem parte de seu acervo.

Projeto Transconcreto SP – Um manifesto alquímico nas ruas de São Paulo.

Projeto Transconcreto SP - bato e curo

Projeto Transconcreto SP -concordia nutre o amor

Projeto Transconcreto SP -fidelidade

Projeto Transconcreto SP - ruina

Projeto Transconcreto SP - da-me o fogo

Projeto Transconcreto SP -

Projeto Transconcreto SP - rien

Projeto Transconcreto SP - mundo

Projeto Transconcreto SP - amizade inimiga

Projeto Transconcreto SP : O Artista e a Cidade.

Projeto Transconcret SP: Um Manifesto Colorido saído da cabeça e do coração de um artista plástico ocupou as ruas de São Paulo e do Recife. Seu autor: Odilon Cavalcanti. Longe das panfletagens políticas, eficientes nas campanhas, O MANIFESTO é ideológico no mais amplo sentido da palavra. Pugnado pela existência além da ideologia através da arte, da ideologia da própria arte. Distante das “galerias” comerciais ou dos espaços oficiais o Manifesto questiona por sua própria concepção o “mercado de arte” quando se coloca através de um meio não convencional e efêmero como o outdoor e conceitua a arte através de idéias que são muito maiores do que os apelos de “marketing” tais como: “este quadro não combina com meu sofá”. EU QUERO UMA ARTE DE EQUILÍBRIO ENTRE RAZÃO, EMOÇÃO  não serve de apelo para quem prefere arte como objeto de troca em vez de signo de conhecimento.

O MANIFESTO  exposto nos outdoors da cidade ( não como ART DOOR, como querem alguns, que significaria  ARTE PORTA, mas como OUT ART o nome correto desta manifestação que etem em Odilon um dos seus pioneiros desde 1980 em Fortaleza) revela o arlto poder de articulação do artista plástico quando interage com a comunidade. Exemplo disso foram as Brigadas Portinari e Henfil, o Festival de Arte Efêmera de Fortaleza e inúmeros outros acontecimentos produzidos em vários meios, inclusive em outdoor em todo o mundo. Estas articulações desfazem a ideia de que um artista é um ser dependente de marchands e das instituições . Os intermediários são importantíssimos como mediadores da produção artística com o povo e o sucesso dessa mediação depende em grande parte da informação cultural da cidade, mas é necessário lembrar que a arte é produto de um homem e este homem, que a cria, o artista é o sujeito deste fenômeno.

Em quatro frases Odilon revela sua condição de pintor e define a pintura atual numa visão semiótica onde “Pintura é um plano pintado de cor”. QUERO UM SUPORTE (tela, madeira, papel, etc) PLANO, MESMO QUE SE PROJETE NO ESPAÇO – QUERO REVELAR O SUPORTE, MESMO QUE VELANDO (cobrindo de cor transparente, por exemplo) – QUERO A COR PURA, MESMO QUE CONTAMINADA ( a matéria da cor, a tinta, nem sempre é pura, tinta é produto químico) – QUERO A MATÉRIA, SÓ PARA TRANSCENDER EM ESPÍRITO (a matéria é também espírito quando admite vida através do gesto criador). Em seguida o MANIFESTO percorre o território do significado, supera a noção de estilo ou “escola” observando que o artista atual deve sua arte à liberdade desde que se desfez do peso das funções sociais de documentar a realidade  e a arte se livrou da condição de “apêndice científico” passando o criador a ser o senhor de sua realidade. O papel do artista tem sido trabalhar e refletir, porém sua reflexão ultrapassa os limites do trabalho pois este é condicionado às leis da matéria. Manipular a matéria em grandes painéis espalhados pela cidade é sem dúvida um ato de força e coragem, mas está na concepção dessa obra a estratégia social que determina sua qualidade.

Outro conjunto de frases diz: QUERO TRANSITAR ENTRE A CONSTRUÇÃO E A DESCONSTRUÇÃO, NEM CONCRETO NEM NEO CONCRETO: TRANSCONCRETO, QUERO TRANSITAR ENTRE O CONSCIENTE E O INCONSCIENTE (entre a matéria da arte e sua expressão) EU NÃO QUERO A FORMA, QUERO TRANSFORMAR – EU NÃO QUERO CÓDIGO, QUERO TRANSCODIFICAR.

Finalmente o Manifesto fala da arte como força libertária, elemento de ligação entre as pessoas, veículo de solidariedade entre os povos, pois onde quer que ela esteja lá estará também o gesto do artista traduzindo seus sentimentos. Fala do tempo e do nada e por isso é também religioso pois neste conjunto de ideias mostra que a arte é sacerdócio e que o artista faz a ligação entre mundos pragmáticos e transcendentais.

 

Este Grande painel de painéis de 11 imagens e onze textos, cada um com 3x9metros, trabalho hercúleo que o autor deu à cidade como um herói que constrói um mito, assemelha-se a um caminho iniciático, uma senda cujo passaporte é a generosidade, qualidade de todo verdadeiro artista. Trata-se de uma mostra de pinturas e idéias espalhadas pela cidade, um presente para o cidadão comum que é convidado para participar com Odilon de desejos como: QUERO UMA ARTE LIBERTÁRIA, DO HOMEM PARA O HOMEM – NESTE FIM DE SÉCULO, QUANDO O TEMPO TENDE À ZERO, QUERO APENAS A ETERNIDADE.

 

Raul Córdula

 

 

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